Cultura Guarani

O Brasil é um país que vivencia a aculturação (fusão de culturas decorrente do seu contato) de maneira forte e quase natural. O cruzamento de diferentes povos durante centenas de anos deixou marcas de diferentes formas por todo o território.

Os povos originários também foram afetados por esse contato. Em São Paulo, existem várias aldeias Guarani que são cercadas pelos moldes urbanos capitalistas que vem às engolindo cada vez mais, trazendo consigo interferências diretas ao estilo de vida desse povo.

Como, por exemplo, a sociedade de consumo que os obriga a comprar comidas e outros materiais dos quais necessitam, uma vez que não há mais espaço em suas terras para o plantio. Assim, nos tornando refém do dinheiro, que é extremamente valorizado em nosso estilo de vida, e refletindo na necessidade de receber doações de comidas e roupas, já que muitas aldeias não têm de onde tirar esse sustento.

Com o contato frequente entre indígenas e não indígenas, outras interferências são realizadas. O uso do violão e o violino em suas músicas tradicionais é um deles, trazendo às suas canções uma sonoridade diferente do erudito cultuado pela Europa. Essa influência resulta em obras que se distinguem do que habitualmente conhecemos ou associamos à imagem dos indígenas por prejulgamentos.

Aqui apresentamos o Memória Viva Guarani, que reúne no Spotify uma coletânea de cantos tradicionais. Você pode conferir abaixo.




Já na dança, um dos pontos centrais de sua cultura é o Xondaro. Nela os guaranis buscam por agilidade, equilíbrio físico e também espiritual.



E para além de suas músicas e danças tradicionais, o rap é outra forma de expressão utilizada pelos Guarani e que advêm dessa troca com outras culturas. Nesse contexto surge o grupo Oz Guarani, que faz uma mescla do português com o guarani.

Eles quebram o estigma de que indígenas não utilizam os mesmos tipos de roupa que nós usamos, cordões de ouro e outros acessórios. Ou que não devem reproduzir e se inspirar em ritmos e elementos não indígenas. É o misto de culturas que resulta em um protesto pelo preconceito e o desmazelo das autoridades com suas lutas.

Habitando a aldeia Jaraguá, que é cercada por rodovias e a menor terra indígena do país, Oz Guarani relatam os problemas de demarcação das terras na música “O índio é forte”.




É importante lembrar que muitas dessas mesclas culturais vieram de forma violenta contra os indígenas. Por isso, apesar de únicas, precisamos entender que essas situações geraram e geram até os dias de hoje diversas injustiças. São 520 anos de luta pela sua sobrevivência e de seus costumes, então o cuidado e respeito se fazem mais que necessários em nossas relações com os povos originários.




Confira também as campanhas que compartilhamos na última terça-feira em prol dos Maxakalis:

Deixe uma resposta