DIÁLOGOS SOBRE PAISAGEM – “Qual o seu lugar na paisagem?”

Parte 1

Para falarmos sobre Paisagem no campo das Artes Visuais com as crianças do 2o. ano do Ensino Fundamental do CAp. João XXIII, partimos de alguns princípios:

1- Era importante oferecer referências visuais para as crianças, pois assim elas articulariam isso às suas próprias formulações na hora de produzir trabalhos práticos;

2- A ideia central da proposta, estabelecida em 3 diferentes processos de criação, deveria partir do princípio de que as crianças não iriam reproduzir o que viam, mas criar as suas próprias leituras sobre o que viam/percebiam;

3- A pergunta “Qual o seu lugar na paisagem?” seria central para fazê-los relacionar o que viam/criavam consigo mesmos, estabelecendo uma relação crítica em relação à paisagem e sua ação sobre ela.


Aqui a ordem de elaboração das propostas não faz diferença. É possível começar de qualquer uma das três. Com isso posto, apresentamos hoje a primeira proposta da área de Arte Visuais! Esperamos que vocês gostem!


DESCASCADOS

O processo que culminou nas colagens espalhadas pelos espaços físicos do CAp. João XXIII, começou de forma bem simples. Como o Colégio se encontra em uma área alta da cidade, de suas janelas é possível ter uma visão linda da cidade de Juiz de Fora, com suas montanhas, muito prédios, casas e vegetação.

Organizamos pequenos grupos de crianças a irem na sala dos professores (de onde se tem a melhor vista). Elas se posicionavam livremente em frente à janela e nós colávamos com fita alguns plásticos transparentes (em formato próximo do A4) em uma altura confortável para cada uma. A partir daí elas captavam com caneta marcadora, as partes que chamavam a atenção daquilo que viam.

As linhas nem sempre refletiam o que estavam diante delas. Muitas crianças buscavam elementos na imaginação para resolverem os problemas de transposição daquilo que viam para o plástico. Mas isso foi incorporado ao processo.

Em sala de aula, cada uma transpôs o desenho feito no plástico para o papel sulfite. Nesse momento, mais elementos do imaginário começaram a aparecer, gerando percepções em distintos níveis sobre a cidade. Cada um desenhou a lápis, coloriu com lápis de cor e finalizou com caneta nanquim.

Nesse ponto, apresentamos o trabalho da artista Nerea Lekuona, para que as crianças percebessem que é possível interferir artisticamente no ambiente, transformando a visualidade do cotidiano. Vimos algumas imagens, muitos estudantes fizeram as suas considerações. A partir disso, propusemos que cada desenho finalizado no papel, se transformasse em parte de uma composição única. A ideia era somar as paisagens criadas pelas crianças em um suporte único. Esse suporte seria os decalques que descascados que temos espalhados, principalmente nas áreas externas do CAp. João XXIII. Assim, cada criança escolhia onde queria que sua paisagem entrasse.

Ao final desse processo apresentamos os decalques finalizados e em um momento que elas não estavam no Colégio, colamos todos em seus devidos lugares. Muitas perceberam e começaram a percorrer os espaços mais atentamente para localizar onde o seu trabalho estaria colado.

Trata-se de uma proposta que parte do princípio da efemeridade para, de fato, acontecer. Justamente por isso, fotografamos todos, pois sabíamos que com o tempo alguns iriam se perder.



E aí? Gostaram da proposta? Esperamos que sim! Fiquem atentos, pois a próxima postagem de Artes Visuais vai acontecer no dia 01/05. Esperamos por vocês!

Deixe uma resposta