Temos atrelado ao Programa Arte em Trânsito dois Projetos de Iniciação Científica cadastrados na Pro-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da UFJF.

Artistic Residency na Escola

A ideia de “residência artística” vem, ao longo de alguns anos, se desenhando como um importante espaço de criação articulado à formação.

Normalmente atreladas a instituições culturais e/ou museológicas, as residências artísticas se configuram principalmente como um espaço físico (casa, galeria, museu, etc.) disponibilizado para atuação do/da artista durante um período de tempo; ou como uma vivência em um determinado contexto não artístico/institucional (comunidades, espaços urbanos, etc.). Em ambos os casos, a experiência vivida é transformada em mote para o processo de criação de obras, proposições ou ações artísticas.

Mas, e quando o/a artista faz uma residência na escola?

Há 8 anos o CAp. João XXIII/UFJF é sede do Projeto de Extensão Arte em Trânsito que, desde sua primeira edição, demonstra a importância de se expandir a formação no campo das Artes para além da sala de aula. Assim, vem ao longo dos anos buscando maneiras de expor, de forma não ilustrativa ou como mero enfeite do espaço escolar, as proposições artístico-pedagógicas desenvolvidas em aulas de artes visuais. Aliado a isso, a presença de artistas na escola, expondo na Galeria do Colégio ou criando intervenções artísticas especialmente para o espaço escolar.

Dessa forma, nasceu a vontade investigativa de perceber as redes de inter-relações que surgem quando temos um/uma artista convidado(a) trabalhando no Colégio de Aplicação, criando de maneira colaborativa, obras ou ações artísticas, com estudantes de diferentes idades. Trata-se de algo que potencialmente vai gerar mais do que objetos.

Mas o que pode surgir disso? Poderia o/a artista promover um outro encontro dos/das estudantes com o ensino de artes visuais? Quais seriam os impactos das vivências artísticas para esses/essas estudantes? Quais são as características dos encaminhamentos das proposições artísticas nessa parceria?

Visamos apresentar, portanto, os levantamentos realizados até o presente momento, e debater, a partir de alguns apontamentos, questões importantes para um pensamento crítico da inserção do ensino de arte no espaço escolar.


Música em comunidade: Cultura popular e práticas musicais em Juiz de Fora

O projeto de Iniciação Científica “Música em Comunidade: Cultura Popular e Práticas Musicais em Juiz de Fora”, parte do entendimento de que fora do ambiente escolar existem práticas, experiências e saberes oriundos da cultura popular que muito contribuem para os processos educativos escolares. Trata-se de práticas sociais onde as pessoas, em coletividade, se educam, se formam cidadãs. Tais práticas, sejam elas artísticas, musicais, práticas de convivência na rua, na praça e em outros espaços, geram também processos educativos.

Dessa forma, ao iniciarmos a pesquisa em 2019, buscamos identificar algumas práticas musicais presentes nos diversos bairros de Juiz de Fora. No decorrer desse processo de identificação, nosso olhar se voltou especificamente para diversos grupos de Folia de Reis em atividade na cidade.

Grupo de Folia de Reis Resposta do Oriente Jesus Vivo. Foto: Paula Duarte



Nesse contexto, foi possível nossa participação durante a entrega da bandeira, no dia 6 de janeiro, juntamente com a Folia Resposta do Oriente Jesus Vivo, presente no bairro Bela Aurora. Segundo o Mapeamento das Folias em Minas Gerais do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), a folia conta com 25 integrantes e realiza anualmente o giro, sua jornada percorrendo as residências dos devotos, entre os dias 24/12 a 06/01. Fazem parte da folia os seguintes instrumentos musicais: viola, violão, cavaquinho, sanfona, caixa (tambor), pandeiro, banjo, triangulo, chocalho.

Grupo de Folia de Reis Resposta do Oriente Jesus Vivo. Foto: Paula Duarte



Ao realizarmos uma pesquisa que nos levou a conhecer a existência de grupos de Folia de Reis em bairros de Juiz de Fora, entendemos que seria necessário a escolha de um dos grupos para que pudéssemos identificar e descrever os processos educativos oriundos das práticas por ele desenvolvidas.

Nesse sentido, na próxima etapa do projeto, tendo como critério principal de escolha a disponibilidade e interesse do próprio grupo em participar, buscaremos uma aproximação mais efetiva com o grupo de Folia de Reis Estrela do Amanhã, situado no bairro Dom Bosco. Segundo o IEPHA, o grupo Estrela do Amanhã conta com 25 integrantes e se utiliza dos seguintes instrumentos musicais: viola, violão, cavaquinho, sanfona, caixa (tambor), pandeiro, banjo, triangulo e chocalho. De acordo com Wilian da Rocha Cirilo, mestre folião do grupo, os integrantes possuem faixa etária variada, incluindo adultos e crianças. O grupo foi fundado no ano de 1969, por José Geraldo Cirilo, pai de Wilian.