Saiu no jornal O Globo de hoje na capa do Segundo Caderno uma reportagem sobre a montagem de uma “Maman” da artista Louise Bourgeois no Aterro do Flamengo no Rio de Janeiro. A enorme aranha de 10 metros de altura faz parte da exposição “O Retorno do Desejo Proibido” que estava no Instituto Tomie Ohtake e estará no Rio de 15 de setembro até13 de novembro.
Trata-se “da primeira grande individual de um dos mais emblemáticos nomes da arte no século XX, Louise Bourgeois, que chega à América do Sul por meio do Instituto Tomie Ohtake, responsável pela itinerância desta mostra, já realizada na Fundação Proa, em Buenos Aires (19/5 a 19/6 de 2011). Junto com a mostra, “O Retorno do Desejo Proibido”, está previsto o lançamento de um catálogo sobre a obra e pensamento da artista.
“O Retorno do Desejo Proibido”chegou a São Paulo, com um número ainda maior de trabalhos de Louise Bourgeois e a exposição, que segue para o MAM – Rio de Janeiro, reúne um total de 112 obras – desenhos, objetos, pinturas, esculturas e instalações –, concebidas de 1942 a 2009. O conjunto constrói um amplo panorama da produção da artista franco-americana, nascida em Paris em 1911 e falecida recentemente (31 de maio de 2010), aos 98 anos, em Nova York.
Com curadoria de Philip Larratt-Smith, organização do Studio Louise Bourgeois (Nova York) e realização do Instituto Tomie Ohtake, a mostra vincula a obra de Bourgeois a alguns dos conceitos mais importantes da psicanálise. A partir de mais de 1.000 folhas de papel, entre correspondências e escritos da artista, de 2004 e 2010, o curador investiga o legado psicanalítico em sua obra, na qual ela compartilha parte de traumas e desejos de cura. Este arquivo inédito, que detalha a relação de Bourgeois com o mundo exterior, confirma a centralidade da memória em seu processo criativo.
Imaginário autobiográfico, fantasmas do pai, ecos da infância, o ser mãe, a histeria, gênero e representação fálica, o fisiológico, a dimensão onírica e o inconsciente estão presentes em seus trabalhos que ativam um vocabulário ancorado em episódios de sua biografia, mas podem ressoar no corpo e na memória de qualquer espectador. Segundo Philip Larratt-Smith, os surrealistas encontraram uma via de acesso ao imaginário do sonho enquanto a espontaneidade do gesto dos expressionistas abstratos está ligada ao inconsciente, mas a arte de Bourgeois permite compreender de modo privilegiado a conexão entre o processo criativo e sua função catártica.
O curador destaca que, para Bourgeois, o artista, privado de poder na vida cotidiana, tem o dom da sublimação e se torna, portanto, onipotente durante o ato criativo, mas é também uma espécie de atormentado Sísifo, condenado a repetir o trauma infinitamente através da produção artística. Portanto, continua o curador, o processo criativo é assim uma forma de exorcismo, um modo de moderar as tensões e a agressão, um ato de catarse, além de ser, como a psicanálise, uma fonte de conhecimento. Ou ainda, como dizia a artista, “a arte é garantia de sanidade”.”
(Texto retirado do site: http://www.limonada-biz.com.br/noticias/noticia.asp?id=669)