Imaterial

Está aberta desde 11/08/2011 a Exposição Imaterial do artista plástico Petrillo no espaço dos correios. A exposição conta com o trabalho de arte-educação de Andrea Senra, uma das organizadoras de nosso Colóquio.

Segue abaixo trechos do texto disponóvel no site do artista:

http://www.petrillo.com.br/

Desenhos à procura de um lugar além da paisagem

Imaterial, mostra em cartaz no Espaço Cultural Correios,
revela pesquisa recente do artista plástico Petrillo

Das paisagens mineiras, compostas por morros, serras e cores, o artista constrói “não lugares”. Dos horizontes, que se referem imediatamente ao futuro, o artista desenha cenários sem identidades. Da perspectiva do real resta, agora, a vista intuitiva. Em Imaterial – Obras de Petrillo,  o artista plástico Petrillo quebra o jejum de cinco anos sem expor em Juiz de Fora e mostra uma poética capaz de conjugar questões espaciais e emocionais.

A mostra inédita é materializada por diversos suportes, como têmpera sobre tela, desenhos sobre papel e acrílicos, e uma instalação de fios negros. A proposta iniciou há cerca de seis anos, em pesquisas que resultaram nas exposições Etéreas e Linhas Imaginárias. Da aproximação com questões referentes à arquitetura, estudo recente e fruto de suas atividades acadêmicas como professor, surgiu o interesse pela investigação da espacialidade, que no novo trabalho discute lugares inexistentes através de uma nova topografia.

As obras apresentam paisagens seccionadas, recriando levantamentos topográficos, que na licença poética do autor, se cruzam e se interpenetram, o que se faz impossível no campo do real. “Estou enredando topografias de vários espaços ao mesmo tempo. Procuro um lugar que está além das paisagens”, explica Petrillo, que confirmando sua alta contemporaneidade, é o responsável por toda a montagem da mostra, o que segundo ele resulta numa outra grande obra.

A exposição destaca o apuro do desenho, que risca lâminas de acrílico e na junção de várias delas forma possíveis rotas, e nas pinceladas enérgicas de quadros de grande dimensão. “Na hora em que risco a primeira linha o traço é mais ríspido. Quando crio os espaços, quando penso nos lugares, esse traço vai ganhando ritmo, vai ficando mais delicado”, analisa o artista, que acredita ter alcançado a síntese dos traços nas pequenas telas em que utilizou o nanquim, representando de forma bastante clara as curvas de nível. “Não é minha intenção ser naturalista, mas alcancei ali uma leveza, uma fluidez”, completa.

“O observador, antes em repouso, agora se desloca pelo ar, em movimento amplo, sem restringir-se a um único ponto de fuga, o observador voa”, se atenta a professora do Instituto de Artes e Design da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e artista plástica Priscila de Paula, em texto que apresenta a mostra. As palavras de Priscila também versam sobre o que acredita ser o amadurecimento do artista. “Ele não apenas mudou o ponto de vista dos espaços representados, mas transcendeu a noção que tinha de lugar: o que era antes restrito e familiar, agora é integral, no sentido em que apresenta uma viagem global pelo fenômeno, isto é, por sua infalível busca pela paisagem”, sugere.

Educação e arte

A nova fase artística também trouxe novas concepções e certezas, uma delas a de que o abstrato é tão acessível e compreensível quanto qualquer outra linguagem. Dessa forma, Petrillo convidou a professora e artista visual Andréa Senra para coordenar o projeto de arte-educação da exposição. Seis escolas da rede pública local terão transporte e alimentação financiados pelo projeto a fim de conhecer, entender e discutir arte contemporânea, e em especial as obras em cartaz. “Esperamos que os trabalhos de arte e educação sobre a produção artística de Petrillo não cessem ao terminar a exposição, mas possam ter continuidade na escola”, afirma Andréa.

Realizada todas as sextas-feiras durante a exposição, por duas monitoras, as atividades formativas visam contribuir para a ampliação do repertório artístico e cultural de adolescentes entre 10 e 17 anos. “Esta exposição é mais um diálogo entre o lugar real e o lugar nenhum que Petrillo tanto interroga, quer conhecer, quer dar a conhecer”, aposta Andréa, completando: “O artista apresenta o percurso da (des)materialização ou da imaterializarão de seu processo inventivo e criativo, e ainda a insistente pesquisa de novos pontos de vista, e isso é muito interessante”.

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