Linhas de Minas

O Linhas de Minas é uma associação de artesãos que existe desde 2018 em São José dos Lopes, distrito rural de Lima Duarte, aos pés da Serra de Ibitipoca, Minas Gerais. O projeto foi idealizado por Letícia, Ana Alice e Aninha, partindo do desejo de se reabrir uma ONG que funcionava em uma antiga casa da comunidade. As idealizadoras do projeto reuniram antigos participantes da ONG e deram início às atividades.

A proposta do Linhas de Minas é trabalhar com o que já existe na própria comunidade. Os trabalhos envolvem o desenvolvimento de cestas de fibra de bananeira e de taboa e os diversos bordados representando os pássaros e plantas da região. Tanto as cestas, quanto os bordados e os desenhos, são criações coletivas, ou seja, todos integrantes do projeto participam na construção estética das peças com total liberdade criativa. Os artesãos e artesãs aprenderam a trançar com trançadores de balaios da região e também por meio de vídeos. Para além disso, cada um aperfeiçoa e cria suas próprias técnicas.

O projeto tem essas duas vertentes: a cestaria e o bordado. A primeira produz tapetes, jogos americanos, cestos, cortinas e a segunda borda panos de prato, almofadas, guardanapos, com paisagens do cotidiano, fauna e flora da região.

A associação possui um site, onde podem ser encontradas mais informações sobre o projeto, além dos produtos que estão à venda. Basta acessar:

https://sites.google.com/view/linhas-de-minas-artesanatos/página-inicial

Seu Arlindo e Biá

Dentre os participantes do Linhas de Minas, destacamos hoje o trabalho de Arlindo José Ávila, “Seu Arlindo”, e Maria do Carmo, “Biá”, um casal de artesãos que estão juntos há mais de 20 anos, compartilhando o trabalho e a vida. No alto dos seus 60 anos, os dois são apaixonados pelo feitio de cestarias.

Seu Arlindo começou no projeto colhendo a fibra de bananeira para que sua mulher Biá pudesse fazer as cestas. Porém, a paixão foi tamanha que acabou se envolvendo no que hoje é o um dos amores de sua vida. “Se eu pudesse ficava dia e noite trançando, é o meu prazer”, ele diz. Aprendeu a trançar e retirar a fibra sozinho, fazendo e testando, e quando deu resultados colheu esse projeto lindo do qual é peça mais que fundamental.

O trabalho dos artesãos e das artesãs começa com a coleta da fibra de bananeira, feita diariamente por Seu Arlindo. Ele conta que tomba a bananeira, pois bananeiras que já estão no chão geralmente estão podres, retira a fibra e coloca no varal pra secar. Depois ele faz o tratamento na fibra, passando um remédio pra não dar caruncho. Em seguida, molha de novo pra ficar maleável e faz as tranças. Biá é quem cuida da parte da montagem dos cestos. Ela começa a enrolar as tranças pelo fundo, fazendo uma base, e vai subindo até dar a altura e a forma que deseja. Ela já sabia trançar cabelo quando passou a trançar fibras de bananeira, porém, um problema em seu pulso a fez passar a parte do trançado para o marido Arlindo, e agora eles trabalham em conjunto na cestaria.

Biá, além de tudo, tem envolvimento com a música, através do canto. Durante a Semana Santa ela passa de casa em casa cantando para os mortos, uma tradição que foi passada de geração em geração. Trata-se de uma homenagem e um conforto para as famílias que perderam alguém. Biá canta, Arlindo toca a matraca, e ambos saem pelas ruas cantando para as almas dos que já se foram.