Mesa Comunicações Orais: Trânsitos da Arte na Educação

MESA 2 – COMUNICAÇÕES ORAIS – 21 DE SETEMBRO


ARTISTAS ERRANTES COMO INTERCESSORES DO PENSAMENTO EM UMA PESQUISA EM PEDAGOGIA

AUTORA: Angélica Vier Munhoz

RESUMO:

O presente trabalho apresenta os movimentos de uma pesquisa de mestrado, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino do Centro Universitário UNIVATES, realizada no período de janeiro de 2014 a dezembro de 2015. Diante da necessidade de pensar diferentemente o território da pedagogia, tal pesquisa encontra na obra de alguns artistas errantes (VISCONTI, 2014), que possuem o andar como sua poética de trabalho, matéria para problematizar os modos de ocupar e habitar as territorialidades (DELEUZE; GUATTARI, 1995) da pedagogia. Por outra via, os referidos artist as, por meio de tais movimentos, também ajudam a inventar outros modos de percorrer as formas e formações de uma pedagogia inventada na modernidade (GAUTHIER, 2013), arquitetando outros modos de estar. A aproximação afectiva e intensiva das obras de Francis Alÿs e de outros artistas, bem como todo um movimento artístico, político e filosófico denominado Internacional Situacionista, criado por Guy Debord (JACQUES, 2003; 2014), misturam-se aos movimentos da pesquisa e, como obras-movimento, criam condições para a invenção do andarilhar, modo/método de deslocamento da pesquisa. Dessa maneira a arte foi operada enquanto intercessora do pensamento porque \”o essencial são os intercessores (DELEUZE, 1992, p. 156). A pesquisa não repete um movimento de um domínio sobre o outro, mas muito mais intercede por eles, operando no território da pedagogia pela apropriação dos problemas desses artistas errantes, não para fazer e repetir o mesmo, mas, justamente, criam do outros deslocamentos no espaço/tempo de outro domínio, neste caso, o território da pedagogia. Assim, traça-se uma transversal que diz dos movimentos desses artistas, seus objetivos e combates, mas especialmente de como se percebem seus deslocamentos e como se faz uso deles na pesquisa. Tal composição mobilizou o corpo e o pensamento a experimentar a deriva para conseguir torná-la texto e movimentar novas e outras posturas no território da pedagogia.


TECER: DA LINHA E DO GESTO: POÉTICAS DA ARTE E DA EDUCAÇÃO

AUTORA: Fernanda Morais Monteiro Carneiro

RESUMO:

Estudiosos, pesquisadores, artistas, arte-educadores têm contribuído para o debate sobre o ensino da arte. A partir de observação de profissionais que atuam com arte educação, surgiram estudos que propõe a docência em arte através da figura do artista-professor. A ideia do artista-professor é fazer arte na própria atuação com os alunos em sala de aula, o que supõe deixar-se surpreender com os trabalhos dos alunos, construir com eles, estimulá-los a imaginar e a arriscar. Artistas-professores não atuam somente no ensino. Produzem artisticamente, são profissionais que, a partir da própria experiência de produzir artisticamente e ensinar arte, tentam encurtar o caminho que ainda existe entre a arte e o cotidiano, em especial, na escola. Essas duas atividades, o fazer artístico e a prática docente, se complementam também pela pesquisa que permeia a atuação na sala de aula. Ela incita as questões a serem desenvolvidas durante a aula, como esclarece e impulsiona o que se faz como artista. Há semelhanças entre a criação do artista e a da criança, não na intenção dos resultados, mas no que se refere ao processo e aos procedimentos utilizados. Como docente de Artes Visuais, sempre busco trabalhar com as crianças processos criativos que certos fazeres ou jogos podem desencadear. As atividades são registradas fotograficamente, por exemplo, a fim de acompanhar o desenvolvimento dos alunos e, às vezes, um mero registro dos exercícios, passam a despertar meu interesse, pelos gestos que torcem, trançam, esticam, inflectem as linhas, compondo geometrias e desenhos inesperados. O ato dos criadores, artistas ou crianças, tem essa potência de dobrar a linha, expandi-la noutro sentido, reorientá-la; colocando em xeque o pré-estabelecido. Mas que linha é essa? E o gesto? Fiar, alinhavar. Tecer: atividade antiga e atual, que se coloca diante de mim; que me incita a ensaiar novas combinações de idéias, enquanto artista e professora.


A INVISIBILIDADE DA PRESENÇA OU UMA ARTE EM VIA MARGINAL?

AUTORA: Edna Cristine Silva

RESUMO:

A Arte da Dança está presente em todas as regiões desse extenso país chamado Brasil. A diversidade de cultura trazida pelos imigrantes dos diversos países em conjunto com a existente no país, ou seja, a dos Índios, se multiplicou e expandiu. Há até a expressão que “o Brasil é um país dançante”. Nos meios de comunicação televisivos essa Arte é apresentada a partir de padrões estabelecidos por uma sociedade hegemônica. Na Educação Básica a inserção da Arte da Dança pode ser considerada recente, pois, somente após a Lei Nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB9394/96, e a seguir, com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, é que a Dança passa a ser apontada como conteúdo curricular artístico. Ou seja, a dança não é mencionada no ensino da Arte em documentos anteriores referentes à educação nacional. No entanto, como uma Arte que está presente em todas as regiõe s do país pode estar ausente na Educação Básica? Será que aconteceram perdas para alunos, professores, assim como para a área da Dança ter permanecido durante tanto tempo fora da Educação Básica? E a presença da Dança na Educação Básica na atualidade foi efetivada? Como? Qual será o reflexo da Lei de nº 13.278 para a Dança na Educação Básica. O interesse é promover reflexões acerca desse assunto e identificar como a Dança pode estar presente na Educação Básica brasileira. Para isso, a pesquisa se fundamentará nas discussões sobre as “relações de poder” de Foucault (1979, 1999, 2008, 2010, 2011), “estado de exceção” proposto por Agamben (2008) e “teoria Corpomídia” de Greiner & Katz (2005).


ARTE, EXPERIÊNCIA POLÍTICA E FORMAÇÃO DOCENTE

AUTORES:

  • Clarice Rangel
  • Isabela Frade
  • Joice Henck
  • Isabel Hennig
  • Mônica Sica
  • Alexandre Guimarães
  • Ana Alvarenga
  • Alessandra Caetano

RESUMO:

Nos encontros dos membros do grupo de pesquisa Observatório de Comunicação Estética (OCE-CNPq) que se dedica ao estudo da formação docente em artes na América Latina, debate-se a implantação da nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) aprovada pelo governo, mas que não encontra legitimidade nos âmbitos pedagógicos de pesquisa e m educação em vigência no nosso país. O documento BNCC foi redigido e elaborado de forma velada, não democrática. Apresenta contradições graves que ferem explicitamente uma educação pautada na diversidade, e portanto, de caráter democrático. Sua concepção filosófica do currículo comum é rasa, conteudista, disciplinarista e uniformizadora. Desconsidera a arte como uma área de conhecimento específica, negando a luta histórica dos arte educadores brasileiros na sua defesa. Desta forma, o grupo OCE aponta para os equívocos nas orientações das políticas públicas educacionais que nascem de forma autoritária e indireta, calcada na hierarquia de especialistas técnicos. Ao refletir sobre a necessidade de uma (in) disciplina nas práticas curriculares, especialmente na área de artes, considera que a experiência da liberdade criadora nas salas de aula deflagram falas, gestos, escutas e movimentos que ressoam em formas emancipadoras de organização do pensamento. Pela validação do pensamento na produção coletiva em exercício pedagógico, propomos uma “suspensão em trânsito” para acionar dispositivos de diálogo. Em caráter de urgência, estes devem fazer frente às políticas autoritárias e práticas segregatórias e excludentes. Coletamos imagens que reverberem a partir de ações coletivas contundentes como estratégias políticas propriamente estabelecidas nas produções de docentes e discentes.

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